Apesar da aclamada disponibilidade de recursos hídricos, o Brasil tem um problema sério de desigualdade no acesso à água: as regiões com mais oferta estão longe dos grandes centros consumidores. A julgar pelos dados sobre poluição, degradação de matas ciliares e falta de investimento em saneamento básico, a tendência é que a crise de abastecimento seja realidade em todo o território. As bacias mais vulneráveis estão entre os estados de São Paulo e Paraná, no litoral do Nordeste e no Semiárido.
NORTE
Apesar de ter a maior disponibilidade de água do País (a Bacia Amazônica dispõe de 68% da água doce), a região sofre cada vez mais as consequências da falta de saneamento básico na piora da qualidade do recurso. Com a mudança climática, as grandes cheias e secas têm se manifestado com mais intensidade, afetando o abastecimento das cidades. Os projetos hidrelétricos também ameaçam a qualidade dos mananciais, por alterarem a movimentação dos sedimentos nos rios.
NORDESTE
O Semiárido ficará cada vez mais seco, exigindo ações de adaptação mais incisivas, como a multiplicação de cisternas. O Rio São Francisco, outrora opção de abastecimento da região, é impactado com o lançamento de efluentes e a erosão por conta da pecuária extensiva, projetos de irrigação mal estruturados e do represamento de suas águas em praticamente toda sua extensão. As metrópoles litorâneas também enfrentam as consequências do aumento de demanda combinado com a falta de saneamento.
CENTRO-OESTE
A região abriga o berço dos principais rios brasileiros, como o Araguaia, o Paraguai e rios amazônicos. Por outro lado, também é o principal celeiro da agropecuária, o que acelera processos erosivos e oferece riscos pelo uso extensivo de fertilizantes (contaminante de rios e aquíferos). A articulação da gestão de recursos hídricos com políticas ambientais e de desenvolvimento agrícola é essencial para atenuar esses riscos.
SUL
Os últimos sistemas hídricos disponíveis são fontes subterrâneas, que, por outro lado, têm sido intensamente usadas na agricultura. Se os planos de uso da água para irrigação e consumo humano não forem integrados, regiões como o noroeste do Rio Grande do Sul, que têm enfrentado longos períodos de estiagem e dependem da agricultura, podem encarar problemas sérios de abastecimento.
SUDESTE
Os mananciais que atendem ao eixo Rio-São Paulo já se encontram em seus limites de disponibilidade, o que demanda investimentos urgentes na diversificação de sistemas de abastecimento para atender à crescente demanda. Em São Paulo, por exemplo, todas as regiões metropolitanas dependem, em certa medida, das mesmas fontes hídricas, o que tem motivado conflitos regionais e disputas pelo uso da água.
FONTES: WWF WATER RISK FILTER, CONJUNTURA DOS RECURSOS HÍDRICOS ANA E ATLAS ANA 2011 (mais)
Leia mais:
O que podemos aprender com a atual crise de abastecimento, em “Nó em pingo d’água“
A difícil relação da população urbana com seus rios, em “Os lados do rio“
Em que pontos a gestão pública pode ter errado, em “A pedagogia da crise“
O que empresas têm a ver com a preservação da água (e seu próprio futuro), em “A fonte secou“
Como usar melhor o recurso natural mais precioso, em “Saídas possíveis“
Tecnologias simples e baratas que fazem a diferença em regiões áridas, em “Tecnologias ancestrais“
[:en]Apesar da aclamada disponibilidade de recursos hídricos, o Brasil tem um problema sério de desigualdade no acesso à água: as regiões com mais oferta estão longe dos grandes centros consumidores. A julgar pelos dados sobre poluição, degradação de matas ciliares e falta de investimento em saneamento básico, a tendência é que a crise de abastecimento seja realidade em todo o território. As bacias mais vulneráveis estão entre os estados de São Paulo e Paraná, no litoral do Nordeste e no Semiárido.
NORTE
Apesar de ter a maior disponibilidade de água do País (a Bacia Amazônica dispõe de 68% da água doce), a região sofre cada vez mais as consequências da falta de saneamento básico na piora da qualidade do recurso. Com a mudança climática, as grandes cheias e secas têm se manifestado com mais intensidade, afetando o abastecimento das cidades. Os projetos hidrelétricos também ameaçam a qualidade dos mananciais, por alterarem a movimentação dos sedimentos nos rios.
NORDESTE
O Semiárido ficará cada vez mais seco, exigindo ações de adaptação mais incisivas, como a multiplicação de cisternas. O Rio São Francisco, outrora opção de abastecimento da região, é impactado com o lançamento de efluentes e a erosão por conta da pecuária extensiva, projetos de irrigação mal estruturados e do represamento de suas águas em praticamente toda sua extensão. As metrópoles litorâneas também enfrentam as consequências do aumento de demanda combinado com a falta de saneamento.
CENTRO-OESTE
A região abriga o berço dos principais rios brasileiros, como o Araguaia, o Paraguai e rios amazônicos. Por outro lado, também é o principal celeiro da agropecuária, o que acelera processos erosivos e oferece riscos pelo uso extensivo de fertilizantes (contaminante de rios e aquíferos). A articulação da gestão de recursos hídricos com políticas ambientais e de desenvolvimento agrícola é essencial para atenuar esses riscos.
SUL
Os últimos sistemas hídricos disponíveis são fontes subterrâneas, que, por outro lado, têm sido intensamente usadas na agricultura. Se os planos de uso da água para irrigação e consumo humano não forem integrados, regiões como o noroeste do Rio Grande do Sul, que têm enfrentado longos períodos de estiagem e dependem da agricultura, podem encarar problemas sérios de abastecimento.
SUDESTE
Os mananciais que atendem ao eixo Rio-São Paulo já se encontram em seus limites de disponibilidade, o que demanda investimentos urgentes na diversificação de sistemas de abastecimento para atender à crescente demanda. Em São Paulo, por exemplo, todas as regiões metropolitanas dependem, em certa medida, das mesmas fontes hídricas, o que tem motivado conflitos regionais e disputas pelo uso da água.
FONTES: WWF WATER RISK FILTER, CONJUNTURA DOS RECURSOS HÍDRICOS ANA E ATLAS ANA 2011 (mais)
Leia mais:
O que podemos aprender com a atual crise de abastecimento, em “Nó em pingo d’água“
A difícil relação da população urbana com seus rios, em “Os lados do rio“
Em que pontos a gestão pública pode ter errado, em “A pedagogia da crise“
O que empresas têm a ver com a preservação da água (e seu próprio futuro), em “A fonte secou“
Como usar melhor o recurso natural mais precioso, em “Saídas possíveis“
Tecnologias simples e baratas que fazem a diferença em regiões áridas, em “Tecnologias ancestrais“